17 de setembro de 2008

O cheiro

Tem cheiros que nos remetem a momentos específicos de nossas vidas, não é verdade?
Pois bem, rosas me lembram morte.
Acho linda a florzinha bem longe de mim. Perto, me dá agonia!!
A vela, o choro, os velórios pelo corredor sem fim, o corpo frio: é
morte.
E cheiro pelo corredor, pelas campanas, tudo cheira a rosas molhadas e amanhecidas.
E sempre que alguém morre parece que Deus chora também. E chove o dia todo, a tarde toda.
Chuva, chuva, chuva...
E a flor brincando que é divina, assim, sem mais nem menos, também se molha e parece chorar
junto com a família. Ou será que sabe que também é o enterro dela? Porque sim, elas acompanham o morto até a decomposição do ser. Mas ela some antes, porque debaixo da terra não tem mais como se deixar cheirar pelos narizes sadios.
O cheiro de rosas está neste momento invadindo o meu nariz.
Não é dos mortos, é dos vivos... e, infelizmente, não posso fazer nada para mudar isso.

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