Estava hoje passando o meu tempo, saboreando um conto da Clarice Lispector (minha escritora nº 1 de todos os tempos) e me lembrei de como eu era menina.
Eu andava saltitando. Coisa besta andar saltitando... ia de casa até o mercadinho na esquina saltitando. O vento bagunçando os meus cabelos ondulados (sinônimo de desgrenhados pelo resto da vida).
A bochecha rosa de tantos pulos. A voz falhada de quem já perdeu o fôlego. E eu continuava saltitando com o pacote para casa.
Se encontrasse uma coleguinha no caminho, agarrava no braço dela e continuávamos a saltitar.
Acho que isso era um jeito de felicidade, um jeito de liberdade. Quem sabe?
Pensamos em brigadeiro de colher, pensamos melhor e vimos duas mãos alimentando a alma do mundo! Seguramos as mãos e seguimos a vislumbrar algo muito novo e muito além de tudo o que há em nós. Um ar de travessura, um gosto de alegria, um cheiro de casa de vó, mas, sem dúvida, com um jeito de juntar tudo, porque junto é BEM melhor!!
24 de agosto de 2010
Mimos
Este final de semana eu fui presenteada com diversos mimos que eu não poderia deixar de registrar...
O primeiro foi a recepção que tive no meu antigo trabalho. Subi para o escritório um tanto com vergonha, um tanto com medo e quando as pessoas me viram, me receberão de braços abertos.
Minhas amigas, não conta! Elas me aguentam virtualmente, ou seja, o contato está sempre "fresquinho" por assim dizer. Mas a surpresa foi os outros que não me veem há séculos, alguns nem sabiam que o Caio já está aborto...
Fora os elogios... Grávidas às vezes tem um feeling de "patinho feio", já que nenhuma roupa serve, quase nada cai bem, parece que a gente não cabe no mundo... Mas sai de lá me sentindo a LINDONA!
Para fechar o domingo com chave de ouro... estava na casa da minha mãe e o Dan (meu sobrinho de 2 aninhos) veio me chamar para ir ver os meninos jogarem Grand Turismo na casa dele. "Vem Ti Paula..." Aí, eu tentei convencê-lo de ficar na casa da vovó e ele começou a brincar de "abi pota" e "fecha pota"...
E do nada ele perguntou: "ade piminho?" E eu: tá aqui na barriga da tia. Ele levantou meu vestido... eu ajudei, mostrando o barrigão... Ele passou a mãozinha na minha barriga e cumprimentou: "oi, Taio".
Nem precisa dizer que eu desabei, né?
Aí, ele repetiu comigo para o bebê crescer loguinho para vir "bincar com ele".
Depois ele mandou eu cobrir a barriga e eu dei vários beijos nele e depois fiquei secando as minhas lágrimas!!
Foi lindo!
O primeiro foi a recepção que tive no meu antigo trabalho. Subi para o escritório um tanto com vergonha, um tanto com medo e quando as pessoas me viram, me receberão de braços abertos.
Minhas amigas, não conta! Elas me aguentam virtualmente, ou seja, o contato está sempre "fresquinho" por assim dizer. Mas a surpresa foi os outros que não me veem há séculos, alguns nem sabiam que o Caio já está aborto...
Fora os elogios... Grávidas às vezes tem um feeling de "patinho feio", já que nenhuma roupa serve, quase nada cai bem, parece que a gente não cabe no mundo... Mas sai de lá me sentindo a LINDONA!
Para fechar o domingo com chave de ouro... estava na casa da minha mãe e o Dan (meu sobrinho de 2 aninhos) veio me chamar para ir ver os meninos jogarem Grand Turismo na casa dele. "Vem Ti Paula..." Aí, eu tentei convencê-lo de ficar na casa da vovó e ele começou a brincar de "abi pota" e "fecha pota"...
E do nada ele perguntou: "ade piminho?" E eu: tá aqui na barriga da tia. Ele levantou meu vestido... eu ajudei, mostrando o barrigão... Ele passou a mãozinha na minha barriga e cumprimentou: "oi, Taio".
Nem precisa dizer que eu desabei, né?
Aí, ele repetiu comigo para o bebê crescer loguinho para vir "bincar com ele".
Depois ele mandou eu cobrir a barriga e eu dei vários beijos nele e depois fiquei secando as minhas lágrimas!!
Foi lindo!
23 de agosto de 2010
A CASCA!

Ok...agora não tem mais jeito...tá lá...crescendo e crescendo...a furmiguinha tá criando formas e evoluindo...daqui 9 meses vem ao mundo...!
I qual é a receita? como proceder com esse ser tão pequenino que vai fazer parte da sua vida p/ sempre...
Pensando em quanto é pequenino é tudo muito mágico e feliz! e depois que cresce? o que acontece com a casca protetora? surta? desconta todos os seus traumas da vida no pequeno? tem pequeno que não pega essas pilhas e ignora literalmente essa casca enlouquecida é egoista... afinal casca é p/ protejer até o fim certo?ÉÉÉ... mas não é o que vem acontecendo... tem muita casca rancorosa e cheia de pensamentos negativos com seus pequenos... tudo por conta do egoismo e falta de Deus...e mais ainda gente infeliz que não quer ver a felicidade alheia...afinal...a FELICIDADE ALHEIA INCOMODA MUIIITOOO!!
21 de agosto de 2010
20 semanas
Semaninha intensa... com direito a faltas de ar, tosse com secreção e nariz muito tupido!
Eu devia ter passado no hospital, mas como já sei que os plantonistas só podem me passar Tylenol, Plasil e Buscopan Plus e já sei que nenhum desses cura problemas respiratórios, preferi marcar com um especialista na segunda. Fazer o quê?
O trabalho continua decepcionante. Na quinta carregando mais 40 pastas para o RH me senti tão humilhada de diversas maneiras que nem sei descrever o motivo, sabe? Teria que contar toda a minha trajetória e teria que viver na pele para saber como foi...
Mas como tudo ganha um colorido quando a gente está esperando um bebê, o que no meu caso quer dizer que tudo fica muito azul, eu consegui sorrir entre uma crise de tosse e um comentário maldoso de uma colega de trabalho.
Fico observando o barrigão, que o povo do metrô insiste em não ver, e pensando como vai ser meu pequenino, no que vou falar com ele...
Ele já tem opinião e se não gosta da minha calça já vai logo empurrando. Eu não diria que é um chute, porque para mim parece mesmo um soluço. Minha barriga soluçante é na verdade meu bebê dando o ar da graça... rsrsrs
O papai ainda não conseguiu sentir, então, ele coloca as mãos e o ouvido para tentar uma breve comunicação, mas o danado fica quietinho, como se nem fosse com ele. E o papai insistente grita bebê, bebê, bebêêêêêêê e nada!
Estamos na metade do caminho e, às vezes, nem consigo acreditar que está mesmo acontecendo e que logo, logo, a minha vida vai mudar de novo.
É engraçado pensar que até bem pouco tempo atrás eu saia do serviço ia para faculdade e cursos e agora vou para casa para cuidar da janta, das roupas... Logo mais, vou voltar correndo do trabalho para pegar o bebê na escolinha, vou acordar mais cedo para cuidar das coisas dele... se é que ele vai mesmo me deixar dormir!!
Filhinho, a mamãe e o papai estão aqui, então, cresce loguinho para poder vir brincar com a gente, tá?
16 de agosto de 2010
Minha Explicação
Todo mundo pergunta do meu pai e alguns ficam com aquela carinha de dó quando eu explico o completo descaso.
Sim, meus pais são separados.
Sim, eu era criança, se é que hoje em dia se considera 11 anos como criança.
Não, ele não fala comigo ou com os meus irmãos.
Não, eu não o convidei para o meu casamento e não pretendo contar que estou grávida, também.
Não é uma história de como eu me tornei um marginal porque não tive pai, acho que é exatamente o inverso, nos tornamos pessoas melhores sem ele.
Ele não pagou pensão, passamos fome (segundo minha mãe e minha irmã, porque eu não lembro) e frio (durante um bom tempo eu só tinha uma blusa de frio para ir ao colégio e usava calças de moletom levantadas até os joelhos para disfarçar que estavam curtas).
Eu e meu irmão fizemos amizade com o cobrador do ônibus, como ele era pequeno passava por baixo na catraca, e podíamos juntar 50 centavos todo dia para comprar doces e biscoitos recheados. O salário da mamãe não podia bancar estes luxos!
Minha irmã foi à pé para primeira entrevista de emprego. E eu só conquistei meu primeiro salário muito depois dela, porque não permitiam mais que menores de 16 anos trabalhassem.
Eu forçava meu irmão a ir comigo visitar o papai no trabalho, de sábado, e quando ele nos retribuiria a visita? NUNCA!
Um dia ele soube que eu estava operada, internada num hospital... daí, ele foi lá perguntou qualquer coisa, me ajudou a ir no banheiro e foi embora.
O meu irmão engravidou (eu tou grávida e o Edu está grávido comigo, ué!), daí, tinha casa para montar, milhares de coisas para o pequeno que chegaria. Ele apareceu ajudou, deu apoio moral e até visitou o netinho. Meses depois meu irmão ficou desempregado e pediu um "bico" para ele, adivinha? O cara sumiu do mapa, virou pó ou purpurina, se você preferir.
Ele nunca mais apareceu, daí, ele entrou na lista de parentes distantes e não foi incluído na minha lista de convidados para o casamento, entendeu?
O fato é que se ele tivesse sempre lá, debaixo do mesmo teto, não seríamos o que somos hoje. Não seríamos guerreiros (cada um a sua maneira) e talvez nem conheceríamos nossos respectivos cônjuges.
Talvez a minha irmã ainda não saberia assar batatas, meu irmão ainda ficaria em cima da laje empinando pipas e eu continuaria trancada no meu quarto, com meus livros e sem amigos.
Definitivamente, somos muito melhores, sendo apenas Martinuzzo!!!
Sim, meus pais são separados.
Sim, eu era criança, se é que hoje em dia se considera 11 anos como criança.
Não, ele não fala comigo ou com os meus irmãos.
Não, eu não o convidei para o meu casamento e não pretendo contar que estou grávida, também.
Não é uma história de como eu me tornei um marginal porque não tive pai, acho que é exatamente o inverso, nos tornamos pessoas melhores sem ele.
Ele não pagou pensão, passamos fome (segundo minha mãe e minha irmã, porque eu não lembro) e frio (durante um bom tempo eu só tinha uma blusa de frio para ir ao colégio e usava calças de moletom levantadas até os joelhos para disfarçar que estavam curtas).
Eu e meu irmão fizemos amizade com o cobrador do ônibus, como ele era pequeno passava por baixo na catraca, e podíamos juntar 50 centavos todo dia para comprar doces e biscoitos recheados. O salário da mamãe não podia bancar estes luxos!
Minha irmã foi à pé para primeira entrevista de emprego. E eu só conquistei meu primeiro salário muito depois dela, porque não permitiam mais que menores de 16 anos trabalhassem.
Eu forçava meu irmão a ir comigo visitar o papai no trabalho, de sábado, e quando ele nos retribuiria a visita? NUNCA!
Um dia ele soube que eu estava operada, internada num hospital... daí, ele foi lá perguntou qualquer coisa, me ajudou a ir no banheiro e foi embora.
O meu irmão engravidou (eu tou grávida e o Edu está grávido comigo, ué!), daí, tinha casa para montar, milhares de coisas para o pequeno que chegaria. Ele apareceu ajudou, deu apoio moral e até visitou o netinho. Meses depois meu irmão ficou desempregado e pediu um "bico" para ele, adivinha? O cara sumiu do mapa, virou pó ou purpurina, se você preferir.
Ele nunca mais apareceu, daí, ele entrou na lista de parentes distantes e não foi incluído na minha lista de convidados para o casamento, entendeu?
O fato é que se ele tivesse sempre lá, debaixo do mesmo teto, não seríamos o que somos hoje. Não seríamos guerreiros (cada um a sua maneira) e talvez nem conheceríamos nossos respectivos cônjuges.
Talvez a minha irmã ainda não saberia assar batatas, meu irmão ainda ficaria em cima da laje empinando pipas e eu continuaria trancada no meu quarto, com meus livros e sem amigos.
Definitivamente, somos muito melhores, sendo apenas Martinuzzo!!!
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