27 de setembro de 2010

Das perdas


Meu final de semana mais uma vez passou voando, conseguimos concluir o "to do" e ainda fazer nossa caminhada no sábado e no domingo!
Quase desistimos, ontem, por conta do mal tempo. Mas fizemos umas buscas na net e quando nos demos conta o tempo estava estiando e não tive que ir para esteira do condomínio.
Daí, o tempo voou: num segundo era hora do almoço, no outro já era hora de ir para casa das mamas e depois já era hora de dormir... tudo muito depressa!
Cheguei no trabalho hoje e recebi a mensagem que o avô de uma amiga faleceu. Há tempos para nascimentos e tempos para falecimentos. Espero que na minha família sejam tempos apenas de nascimentos porque não há mortes isoladas... na minha família é coisa acontece por temporada. Quando morre uma tia, morre um tio e outra tia na sequência...
Desde que soube que o Caio está a bordo... ando com medo de perdas! Li um artigo do Marcelo Tas há alguns meses na Revista Crescer que era sobre a importância das crianças lidarem com a perda de pessoas queridas. Liguei para a minha mãe chorando implorando para ela não deixar meu vovozinho morrer antes de conhecer meu filho...
Quando a gente pensa em perdas, logo pensamos primeiro nos mais velhos... mas vovozinho está lá, firme e forte aos 84 aninhos com sua namorada ao lado, sempre com uma piadinha para contar e uma saúde de fazer inveja em muitos jovens de 30! Amém!!!
Depois da morte eu perco um pouco a noção do tempo. Minha mãe conta os anos que a vó morreu... eu só lembro de ser pequena, de ter um sol atravessando a janela da cozinha naquela manhã de março, enquanto os netos reunidos tomavam o último café com leite da vó. Não me lembro de receber conselhos dela ou de alguma particularidade em relação a mim... me lembro das tardes sentadinha no sol, ela descascava mexericas para nós e deixava as cascas na saia de seu vestido.
Da tia Mari eu lembro mais, mas também não tenho controle do tempo. Parece mesmo que foi ontem... ela piscando o olhinho e dizendo que o Marcelo já devia estar voltando. Ela tateando o meu rosto e me reconhecendo com seu abraço carinhoso. Do dia em que ela chorando, teve que ter as roupas escolhidas pela minha prima para ir no velório da irmã, de cortar o coração só de lembrar. Parece até que posso ouvir a risada dela, repetindo o nome do meu filho. É uma pena que o tempo passou tão depressa que ela não teve tempo de conhecê-lo.
E a vida, para o Caio, se estica numa vida inteira pela frente. Numa página em branco com inúmeras possíbilidades de aventuras. Em potes cheios de sabores diversos, que suas mãozinhas ágeis nem imaginam por onde começar.
Ele está dentro de sua casinha aquática, nos seus tum-tuns e glub-glubs e nem imagina que o tempo aqui fora se arrasta esperando ele chegar.

Um comentário:

Renata disse...

Meu pai se foi há 4 anos e parece que tudo aconteceu na minha vida depois disso. Viagens, casamento, mudança de país. Às vezes preciso parar e pensar no que ele viu ou não, porque parece que foi há tão pouco tempo que ele se foi, que participou de tudo isso!
Meu irmão atende o telefone como ele, anda como ele e faz as mesmas brincadeiras, o que confunde mais ainda a noção do tempo. Parece que ele está fazendo uma longa viagem e um dia volta.